quinta-feira, 21 de setembro de 2017

A Ópera do Fantasma #4

Olá e bem vindos de volta a minha Ópera. Após algum tempo fechada, por conta tanto de problemas internos quanto por falta de assuntos que julgo interessantes para compor a Ópera. Nossa sinfonia dessa vez vai começar pelo assunto recorrente e temido chamado graduação:

Em uma semana Kizaki Yuria (AKB48) fará sua última performance no teatro do SKE48, o grupo onde começou, dois dias depois (30/09) sua última performance terá lugar no teatro do AKB48. Yuria é uma idol que teve um começo muito bom e talvez não tenha ido até onde poderia ir, como várias outras, muitos fatores afetam a carreira dessas jovens mulheres e eu precisaria de muito mais espaço para desenvolver sobre isso e o assunto não é esse aqui. Yuria foi selecionada na 3ª geração do SKE, em 2009 (eu estava no meu último ano de escola, bons tempos...), cresceu e ganhou destaque como muitas outras do grupo naquela época, porém encontrou sua barreira. Em 2014 foi transferida para o AKB48, onde foi uma presença constante nos senbatsus do grupo também, os grandes destaques vieram na televisão, Yuria apareceu em todos os doramas que o grupo se envolveu nesse período, também teve fortes participações como modelo nesse tempo. Se como idol ela não pôde ir mais longe, ao menos encontrou seu caminho. Este fantasma deseja toda a sorte e sucesso a Kizaki Yuria, que ela seja feliz e tenha uma boa carreita.

Nesse domingo teremos anuncio do senbatsu para o quinto single do Keyakizaka46 e muitas perguntas estão vindo a tona desde os primeiros shows da turnê de verão do grupo. Se você procurar nos fóruns e blogs pela internet, verá que uma grande preocupação e comoção com o estado físico/psicológico de Hirate Yurina acometeu aos fãs, Hirate estava visivelmente cansada, no seu limite tanto físico quanto mental e isso leva a pergunta principal sobre o próximo single: será Yurina a centre novamente? Sabemos que o trabalho de uma centre é sempre desgastante física e mentalmente, algumas idols preferiram graduar a continuar sequências muito grandes na posição, ou mesmo podemos ver no documentário do Nogizaka46 Ikoma Rina dançando de felicidade após anunciarem que Shiraishi Mai seria a centre no sexto single do grupo  (Girl's Rule) quebrando a sequência de 5 singles em que a Ikoma teve a posição.
A questão no Keyakizaka vai um pouco mais a fundo porque eles construiram um conceito ao redor de Hirate nos 4 primeiros singles, o que ajudou a destacar e criar uma identidade forte tanto para o grupo como para Yurina, com tudo é uma imagem que não é compatível a nenhuma outra integrante do Keyaki, pelo que sabemos. A teoria mais popular entre os fãs é que o grupo vai mudar a centre e o foco nos próximos singles fazendo um segundo ato em sua história, seguindo essa ideia, quem seriam as melhores candidatas para isso?
  • Imaizumi Yui: Ela andou afastada do grupo por problemas de saúde, mas voltou as atividades recentemente. Zumin, como é chamada, tem uma grande popularidade entre os fãs e apoio dentro do gerenciamento, estava sendo preparada como uma das faces do Keyakizaka, ser escolhida como centre nesse momento seria quase perfeito. O ponto que conta menos é o estado dela, estaria Imaizumi pronta física e mentalmente para ser a cara do grupo agora, logo depois de ter ficado afastada por conta de sua saúde?
  • Nagahama Neru: Neru tem feito o papel de black ace (uma espécie de ás secundária) do grupo há algum tempo, o gerenciamento do Keyaki tem colocado ela em destaque e feito o famoso push, ela é muito aceita pelos fãs também. Neru é provavelmente a opção mais segura para essa troca de centre, caso ela exista mesmo.
  • Watanabe Rika: Berika é conhecida por ter dificuldades em se expressar com palavras, mas sabe muito bem se expressar corporalmente, é muito popular também e pode ser uma saída para o possível problema com a centre original do grupo. O problema em tê-la nessa posição é justamente seu ponto mais fraco, ela iria ser massacrada nos programas de televisão.
  • Kobayashi Yui: Yuipon é a grande arma secreta do Keyakizaka46. Imaginem combinar umaa personalidade parecida com Nishino Nanase com o talento polivalente e ilimitado de Ikuta Erika, depois de alguns ajustes você obtém Kobayashi Yui. O gerenciamento tem segurado um pouco ela, talvez por achar que poderia virar um fenômeno monstruoso cedo de mais, mas a verdade é que Yuipon está entre as mais populares do grupo desde a gênese, ela é quem tem maior potencial dentro do Keyakizaka46 e sendo esse teoricamente o momento de trocar a centre, seria uma boa oportunidade para promovê-la. O problema é que ela tem sido segurada na terceira fileira desde o segundo single, mesmo com a rotação de posições que o gerenciamento faz, mas não configura um problema tão grande assim, com tudo ela parece correr por fora ainda.
  • Alguém do Hiragana Keyaki46: O Hiragana Keyaki é o grupo secundário dentro do grupo, nos últimos meses vimos alguns talentos se destacando como Takase Mana e Saito Kyoko, sendo a segunda a melhor cantora do grupo efetivamente. É improvável que alguém do Hiragana, fora Neru, chegue a posição de center logo, mas a N46Div já mostrou que não tem problemas em arriscar, quem sabe o que acontecerá no domingo?
  • Double Centre: É uma saída que pode aparecer e faria muito sentido. Tem diversas formas de combinar pares delas como centre: Yuichanzu (as duas Yuis), TetchiNeru, Yuukanen, W-Watanabe... Seria uma saída segura e conservadora, poderia assim até manter Hirate como centre e colocar outra ao lado dela para tirar a pressão.
    Se o Keyakizaka46 vai mudar ou não a centre, não sabemos, mas o momento é propício tanto por forças maiores do que o grupo e para seguir caminhos diferentes. O grande problema em construir a imagem de um grupo por conta de uma integrante é a que nunca se sabe até onde ela será capaz de ir ou até onde os fãs aceitarão, temos exemplos diferentes e nenhuma fórmula pronta porque cada ser humano é diferente um do outro. O quinto single pode ser ou não uma virada de página na história do Keyaki, mas por conta da questionável situação física e mental de Hirate Yurina o momento de apresentar alternativas pode ter batido a porta, mais cedo do que eles esperavam ou gostariam. É claro que isso tudo é baseado em relatos de terceiros e que não sei o que se passa dentro do gerenciamento do grupo, então só saberemos a verdade no domingo.
De volta ao 48G, lá vem o velho problema da falta de independência dos grupos, mais uma vez, e o problema é uma via de mão dupla. O calendário apertado de 4 singles anuais do AKB48 faz com que os sister groups lancem até 2 singles anualmente, apenas, e os próprios sister groups não podem escolher períodos muito próximos para seus próprios lançamentos. Vale lembrar que estamos em setembro e o NMB48 não lançou single esse ano, apenas trabalhou em seu terceiro álbum, o STU teve que mudar o lançamento do seu primeiro single para janeiro, já no ano que vem, o NGT marcou lançamento para dezembro (no dia do aniversário de 75 anos da minha avó, coincidência?), o HKT que tem melhor arrumado espaço no calendário para 3 lançamentos anuais, já fez 2 esse ano. Por outro lado, o AKB48 anunciou as selecionadas para o QUINQUAGÉSIMO single do grupo, que marcará também  a graduação de Watanabe Mayu, com um line up de 28 idols temos apenas 12 do próprio AKB48 contra 16 dos sister groups. Se isso não é absurdo, é ridículo, ou ambos, o próprio AKB ter apenas 12 vagas no seu próprio senbatsu é o fim da picada, o AKB48 por si só tem 122 integrantes ativas (incluindo Time 8 e kenkyuusei), as 12 selecionadas no senbatsu representam menos que 10% do total. Passou a hora de tudo isso ser revisto, deixa os sister groups voarem por conta própria, Aki-P!

Falando em sister group, o quase sister group do 48G gerenciado pela sempre falada (bem ou mal) Sashihara Rino estreou e veio com tudo já de início. O =Love teve sua estreia há um mês com a música =Love (seu vídeo clipe pode ser assitido no youtube), o grupo tem como conceito ser um grupo idol que também irá se desenvolver na dublagem, evidenciando o lado mais otaku de sua produtora. Algumas integrantes já apareceram em revistas de gravure, o grupo já apareceu no AKB48 Show e é bem coberto pela mídia. Musicalmente, o grupo mistura elementos do 48 com 46, a fundação da sua base de fãs (visto que o grupo é recente) parece ser formada por fãs de Nogizaka46, Keyakizaka46 e HKT48, não necessariamente nessa ordem. A verdade é que Sashihara Rino, goste você ou não, é muito boa nos bastidores, ela realmente leva talento nisso e tem promovido muito bem o grupo, ajudado a construir público e imagem para o =Love, as integrantes todas passaram por um treinamento muito bom para lidar com o público (de dar inveja em 48G e Sakamichi Series), tem showroom e twitter, as melhores ferramentas de auto promoção possíveis, os eventos de handshake são relatados como sendo bem organizados e divertidos. É um começo maravilhoso para o =Love e o grupo faz você querer torcer pelo sucesso dele, o que é essencial para qualquer um nesse meio.

E para fechar, vamos falar sobre o vídeo musical de Itsuka Dekirukara Kyou Dekiru (いつかできるから今日できる), 19º single do Nogizaka46 que também é a música tema do filme de Asahinagu, que o grupo se envolveu profundamente e é estrelado por Nishino Nanase. Lançado nessa última madrugada, o vídeo é o mais simples possível, é composto de partes em que elas dançam, partes do filme e cenas com close enquanto cantam. É muito simples, mas de uma sofisticação e elegância na fotografia que faz cair o queixo, se eu fosse dar uma nota de 0 a 10 pelo vídeo musical seria 9,45. Quanto a música, temos que voltar um pouco no tempo e usar novamente relatos de terceiros que foram a concertos, o grupo apresentou Itsuka Dekirukara Kyou Dekiru em sua turnê de verão e a formação nas primeiras performances eram diferentes das que vimos: Nishino Nanase era a única centre, Eto Misa completava a primeira fileira e Ikoma Rina era parte da segunda fileira, na formação final Nanase e Asuka (Saito) se transformaram nas centres, Eto Misa foi para a segunda fileira e Ikoma Rina para a terceira, e essa diferença fez o arranjo parecer estranho, as linhas solos seguem Nanase, Shiraishi Mai, Asuka e Hori Miona, já no segundo verso a ordem é Eto Misa, Ikuta Erika e Ikoma Rina, claramente o plano original era outro. De qualquer modo, esse é o sexto centre de Nishino Nanase, que se iguala a Ikoma Rina como quem do Nogizaka46 mais vezes esteve nessa posição, e o segundo de Saito Asuka.
A primeira performance foi no tradicional Music Station e o grupo não começou bem, Nanase desafinou duas vezes, Mai uma, Asuka muitas e Miona... Ela sabe cantar? (pergunta sincera). Os microfones da terceira fileira estavam ou desligados e como tem um trecho de coro com apoio de vocais masculinos, pareceu que elas estavam dublando os cantores de estúdio. Foi um desastre a performance, que infelizmente não acho mais no youtube para deixar aqui de comparativo, com tudo, deixou boa impressão musical e agora se confirma, a música é boa ou muito boa até. Depois de emplacar 1 milhão nos últimos singles, o que será de Itsuka Dekirukara Kyou Dekiru? Será outro sucesso que vai melhorar os números da primeira semana ou será que nem Natsu no Free and Easy, que acabou tendo uma queda de vendas em relação ao antecessor? O single só será lançado no mês que vem, até lá o grupo pode reparar os erros e ajudar a melhorar os próprios números. (Vídeo pode ser visto aqui)

Dicas:
  • Mukaichi Mion Solo Concert: No início do ano o AKB48 promoveu uma série de concertos solos, entre eles o de Mukaichi Mion. A pequena gigante de 1,5m brilha nesse show como nunca se viu brilhar, ela apresentou músicas como Bird, Nagisa no Cherry, LALALA Message (com o tradicional vídeo de mensagens, nesse com a participação de pessoas como Yokoyama Yui, Kojima Haruna, Nakai Rika, Kawamoto Saya e Watanabe Mayu, além de alguns fãs sortudos), e o ponto alto: Tsubasa wa Iranai, onde Mion toca violão e canta. Aliás ela se saiu muito bem cantando, melhor que eu esperava, Mion mostra nesse show que sabe realmente cantar. Como assistir? Você pode comprar, claro, ou usar outros métodos.
  • Rashikunai (らしくない) - Tenho ouvido bastante NMB48 nos últimos dois meses, essa se tornou a minha música favorita do grupo. É uma música divertida e carismática, depois posso até destrincha-la mais, mas aqui vai apenas a recomendação. Infelizmente, a minha versão preferida não tem em alta qualidade no youtube, mas vou deixar o link aqui de qualquer modo. 
  • Hikaeme I Love You! () - A canção título do quarto single do HKT48 é outra que tem embalado as coisas dentro dessa corporação nos últimos tempos, dos tempos em que o HKT48 tinha uma identidade e não um sistema musical viciado, é um rock na pegada pop muito inocente e puro, uma bela música. MV
  • Ookami ni Kuchibue wo (狼に口笛を) - Música das undergirls no segundo single do Nogizaka46, também na pegada rock/pop, tem uma presença vocal muito interessante nos refrões, mostrando o quão bem selecionaram as integrantes da primeira geração nesse quesito. Aqui vai a versão do concerto de 1 ano do grupo
  • Namida ga Mada Kanashimi Datta Koro (涙がまだ悲しみだった頃) - Outra música de undergirls do Nogizaka46, dessa vez do terceiro lançamento. Essa leva mais um estilo jpop tradicional, tem uma coreografia mais ativa e incisiva, tendo como centre a sempre querida Ito Nene. Como eu prefiro sempre versões ao vivo, essa é do concerto de 2  anos do grupo
  • Dankeschön (ダンケシェーン) - Mais uma b-side, porém essa do single Kizuitara Kataomoi (também conhecido como o melhor single já lançado por qualquer idol, seja em grupo ou individual, sem clubismo). A música tem uma pegada de rock/pop predominante, com um refrão marcante e forte liderado por Ikuta Erika (nenhuma coincidência pelo fato do título ser uma palavra em alemão e Erika ter nascido em Düsseldorf). Deixo aqui a versão do lendário show no Meiji-Jiingu Stadium (conhecido como o quintal do Nogizaka) de 2015: Dankeschön!

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Conjecturando: The Real WIP 2017 Climax

Nota: Os termos de luta livre utilizados na construção desse artigo serão explicados ao final no glossário.
 
Unir idols e luta livre (pro wrestling), esse foi o projeto do AKB48 Group quando lançou o dorama Tofu Pro Wrestling (já mencionei sobre ele nesse texto) há mais ou menos um ano atrás. Surpreendentemente anunciaram um evento de luta livre com a participação das que eram do elenco e novas integrantes, o projeto se concretizou no dia 29 de agosto, sendo realizado no lendário Korakuen Hall, casa de diversos eventos importantes de boxe, MMA e luta livre em Tóquio. O dorama foi um sucesso completo de audiência, o maior de qualquer outro programa seriado do tipo produzido para o 48G, e por uma distância MUITO grande, isso foi um dos fatores que impulsionaram o live show do World Idol Pro Wrestling. Algumas treinando há aproximadamente um ano, outras desde março, pelo tempo de prática delas claramente não se pode exigir algo de alto nível e isso foi um fator importante no próprio booking do show. Vale destacar que os combates foram realizados de modo muito seguro, nada muito radical quanto a movimentos foi feito e os que tinham maiores riscos de lesão ou concussão, foram muito bem executados pelas lutadoras.

 Como um fã de pro wrestling há 11 anos, eu já vi muito em alto nível, então mesmo antes de assistir o show eu tive que abaixar muito as expectativas para apreciar o evento e em termos gerais foi muito melhor do que eu imaginava inicialmente. Primeiro gostaria de destacar os aspectos técnicos de ringue, os combates contam histórias por si próprios, as lutadoras tem personagens e gimmicks muito bem definidas e respeitadas,  um trabalho muito bem realizado tanto pelos bookers, treinadores e as próprias idols, que foi idealizado e realizado pela parceria com a New Japan Pro Wrestling (NJPW), a principal companhia de luta livre do Japão e uma das 2 melhores do mundo. Os combates em si foram bem desenvolvidos, as promos das lutadoras ficaram de bom tamanho e algumas ajudaram a destacar suas vitórias. O evento teve uma participação especial de Bushi, famoso wrestler da NJPW, nos comentários da transmissão, além de "Blue Justice" Yuji Nagata, um dos maiores nomes do wrestling japonês, como convidado especial para o evento principal.

Por outro lado, tivemos alguns botchs, especialmente de selling e execução das técnicas, essa segunda parte mais é a mais perigosa porque é onde acontece a maioria das lesões no mundo da luta livre. Mas ainda sim, não prejudicou o evento porque não foram tantos quanto seria aceitável nesse caso. Um ponto que desagradou não só a mim, como outros, foi a construção da personagem e gimmick de Hollywood Jurina (Matsui Jurina), ela é basicamente a junção de Kazuchika Okada, Kenny Omega, Tetsuya Naito e Hiroshi Tanahashi, os 4 principais lutadores da NJPW, isso acaba sendo um push não só exagerado como desnecessário. Porém o pior momento foi quando o combate principal está para começar e começa a tocar Give Up wa Shinai, a música lançada no single #SukiNanda para o Tofu Pro Wrestling. Não precisava disso, a música poderia ter sido apresentada antes ou depois do evento de luta livre em si, o combate principal estava para acontecer e isso quebrou completamente o momento, uma decisão muito ruim.

O card do evento teve 7 combates, um único combate de uma contra uma, cinco combates de tag-team e um battle royal. Vamos discutir cada combate separadamente:

  1. Saho Iwatachi (Iwatate Saho) vs Tornado Tatsumaki (Tatsuya Mahiko)O combate de abertura foi simples e direto, Saho Iwatachi dominou a luta e procurou usar técnicas de submissão para vencer, enquanto Tornado Tasumaki tentava encontrar uma maneira de sobreviver, mas no final Saho Iwatachi aplica um half crab (exemplo) e vence por desistência. Nada de especial, mas não prejudica, bom como abertura.
  2.  Katsuo Hirose (Hirose Natsuki), Ottamage Ma (Ma Chia Ling) e Mad Dogg Miyazaki (Miyazaki Miho) vs Cutie Renacchi (Kato Rena),  "Yes no Future!" Pappara Kizaki (Kizaki Yuria), Max Nakai (Nakai Rika)
    Um combate de trios entre os dois dojos da kayfabe do Tofu Pro Wrestling. Max Nakai, que fazia parte do Shirogane, o dojo do dono da companhia, de alguma forma se transferiu para o Kinschicho (dojo onde Sakura, Yui, Renacchi, Yuria e outras treinam na história). Outra questão aqui é porque Cutie Renacchi não apareceu de máscara, foi uma quebra da kayfabe para o show, o que seria um erro, ou eles decidiram tirar definitivamente a máscara que ela usava? Saberemos no futuro. O combate em si foi trabalhado com base na gimmick chorona e escandalosa de Max Nakai, ela apanhava até Mad Dogg Miayazaki pegar uma cadeira, o árbitro interfere e tira a cadeira, mas Miyazaki o empurra. Enquanto os dois estão numa confusão, Nakai aproveita a distração do árbitro e finge ser atingida pela cadeira, o árbitro decide desqualificar o trio adversário dando a vitória para Max Nakai, Cutie Renacchi e "Yes no Future!" Pappara Kizaki. Um final digno de Toru Yano (NJPW) e Eddie Guerrero (WWE). Foi superior a luta de abertura, mas não chegou perto das melhores.
  3.  Baton Katomina (Kato Minami), Komanechi Yumoto (Yumoto Ami), Bird Takayanagi (Takayanagi Akane) vs Miracle Shizuka (Oya Shizuka), Guigui Nakanishi (Nakanishi Chiyori), Octopous Suda (Suda Akari) Uma luta de trios, muito bem estruturada e que roubou atenções. Tentativas de submissão, false falls, count breaks, tudo o que uma boa luta precisa ter, o grande destaque foi Baton Katomina, sua forma atlética e a flexibilidade ajudaram em muitos dos spots utilizados na luta. O combate acabou com um MKO (Miracle Knock Out), uma variação do RKO de Randy Orton (referência) aplicada por Miracle Shizuka, o trio vencedor acabou por atacar o árbitro após o combate. As seis wrestlers se saíram muito bem, roubaram o show de maneira quase inesperada e se colocaram como destaque para o futuro.
  4.  1 Minute Battle Royal:
    Saxophone Furuhata (Furuhata Nao) vs Jumbo Sato (Sato Akari) vs Blackberry Mukaichi (Mukaichi Mion) vs Ikemen Momoka (Kinoshita Momoka) vs Hidariue Seichan (Fukuoka Seina) vs Professor Takita (Takita Kayoko) vs Voice Yamada (Yamada Noe)
    O Battle Royal ocorreu segundo as regras da NJPW, valendo pin fall, submissão ou fazer a adversária passar por cima da corda superior e tocar o chão, com o adendo que o combate iria começar com duas lutadoras e a cada 1 minuto outra entraria (Royal Rumble da WWE mandou abraço) até que todas entrassem no combate. Os principais momentos foi Blackberry Mukaichi atacando Voice Yamada, assim como havia ocorrido no battle royal que elas participam na série, Ikemen Momoka emulando Shinsuke Nakamura (famoso wrestler japonês que atualmente está na WWE) e o suplex de 5 mulheres. No final, Blackberry Mukaichi venceu ao eliminar Ikemen Momoka por último, Mukaichi fez um ótimo promo reforçando sua mudança de gimmick e posicionamento de face para heel.
  5.  Yabakune Taniguchi (Taniguchi Megu) e Diva Odaeri (Oda Erina) vs Shark Komiyama (Komiyama Haruka) e Momo Kawamoto (Kawamoto Saya)
    Outra luta que foi muito melhor do que o esperado, todas as quatro participantes começaram os treinamentos em março e fizeram um dos melhores combates da noite. Na história, Yabakune Taniguchi e Diva Odaeri são as protegidas de Hollywood Jurina e apontadas como as principais lutadoras do Shirogane dojo no futuro, já Shark Komiyama e Momo Kawamoto são as novatas de ouro do Kinschicho dojo. As quatro mostraram química e fluência natural dentro do ringue, especialmente entre Kawamoto e Taniguchi, além de um arsenal de movimenos como discus clothesline/diving bar/ rolling elbow, sling blade, e um dropkick que foi muito bem executado por Taniguchi. Diva Odaeri talvez estivesse um pouco abaixo das outras, mas felizmente não comprometeu o combate, já Shark Komiyama teve uma performance incrível e digna de destaque.
  6.  Semifinal: Yumbo Shimada (Shimada Haruka) e Kuiuchi Matsumura (Matsumura Kaori) vs Debbie Kong (Nyla Rose) e Shelly Yamanaka (Jordynne Grace)O penúltimo combate teve como plano de fundo o retorno de Debbie Kong, campeã da WWZ (eu vi o que vocês fizeram aqui, bookers!), para um evento da WIP, Kong foi derrotada por Jurina e volta querendo revanche junto a Shelly Yamanaka, mas ao invés de Jurina, ela enfrenta Yumbo Shimada e Kuiuchi Matsumura. Após uma promo da dupla da WWZ, o combate começa e as duas dominam por muito tempo, até que Matsumura vira o momento e consegue, após muito trabalho, finalizar. Depois da luta o representante das americanas, que havia aparecido também no Tofu Pro Wrestling, convida Yumbo Shimada para a WWZ. Shimada pega o microfone, grita com o representante da WWZ, faz uma promo exaltando sua facção, formada por Kuiuchi Matsumura, Blackberry Mukaichi e a própria Yumbo Shimada. O combate foi interessante, Shimada e Matsumura puderam se soltar por contar com duas wrestlers profissionais do outro lado, foi um dos 3 melhores combates da noite.
  7.  WIP Tag Team Championship Title Match: Long Speech Yokoyama (Yokoyama Yui) e Cherry Miyawaki (Miyawaki Sakura) vs Powerstones - Hollywood Jurina (Matsui Jurina) e Dotonbori Shiroma (Shiroma Miru)
    O combate principal valeu o cinturão de tag-team, a dupla Powestones foi formada, ou reformada, ainda no dorama, quando Haruka Kodama teve que deixar o programa (por contra de problemas que não ficaram claros), sua personagem acaba transferida para a filial mexicana da WIP (algo semelhante a história de Tetsuya Naito, wrestler da NJPW), a nova parceira de Jurina passa a ser Shiroma. O primeiro detalhe interessante sobre as gimmicks é que o dono da WIP impede de entregarem um microfone para Long Speach Yokoyama, evitando assim um long speach (discurso longo) dela antes do combate. Ainda sobre gimmicks, Dotonbori Shiroma carrega uma gimmick de lutadora sexy igual a diversas wrestlers, já Cherry Miyawaki tem a gimmick face mais típica de todas, apanha, não desiste, luta até o fim, nesse combate as gimmicks aparecerem muito bem no ringue, um detalhe que faz toda a diferença.
    Os destaques da luta ficam pelo codebreaker, lendário golpe de Chris Jericho (aqui), aplicado por Shiroma em Miyawaki, o superkick de Yokoyama em Jurina (nesse tweet tem um gif), o "Sakura special" (variação mais simples e segura do One Winged Angel de Kenny Omega) em Shiroma, e o Destino (referência visual) que Jurina usa para fechar o combate. O combate foi sólido, mas por pouco acabou não sendo um dos melhores da noite.
Após o combate principal elas fizeram uma performance de Shoot Sign, quando a música terminou, Miracle Shizuka, Guigui Nakanishi e Octopous Suda invadiram o ringue, atacaram quem estava nele e roubaram os cinturões de Hollywood Jurina, além de fazerem Dotonbori Shiroma entregar o cinturão dela. Esse ato final deixa uma dúvida no ar, por que Shiroma entregou o cinturão sem lutar? Pergunta que pode ser respondida com a segunda temporada de Tofu Pro Wrestling, ou não, mas não é difícil ver na luta livre campeões ou campeãs sendo atacados e tendo seus cinturões roubados para começar uma nova rivalidade, esse deve ser o caso aqui.

Acho que devo reforçar alguns dos destaques aqui:
Melhor Combate: Poderia ser Yumbo Shimada e Kuiuchi Matsumura vs Debbie Kong e Shelly Yamanaka, mas por ter duas wrestlers profissionais nele vou considerar hors concours. A disputa fica entre Baton Katomina, Komanechi Yumoto, Bird Takayanagi vs Miracle Shizuka, Guigui Nakanishi , Octopous Suda e Yabakune Taniguchi e Diva Odaerivs Shark Komiyamae Momo Kawamoto, mas fico com o combate de trios pela construção e desenvolvimento no ringue.
Melhor Promo: Blackberry Mukaichi ofendendo Sakura, a plateia e reforçando seu heel turn. Mukaichi roubou a atenção e entregou uma promo com muito carisma e perfeição.
Momento Mais emocionante: Yumbo Shimada reforçando sua permanência na WIP. Shimada fez dessa promo o momento mais emocionante do evento.

Maior Destaque no Ringue: Fica dividido entre Baton Katomina e Shark Komiyama, as duas deixaram impressões muito boas, tanto na fluidez e execução dos golpes, quanto no selling, e no futuro podem fazer mais do que combates de mid-card.

Não vou dar notas, ou avaliar de modo sistemático o evento. O que acho que deveria ser criticado foi criticado, o que deveria ser exaltado foi exaltado. Seja pela curiosidade ou por gostar da luta livre, o The Real WIP 2017 Climax vale a pena e deixa um gostinho de quero mais, que deve ser saciado a partir do final do ano. E que venha o The Real WIP 2018 Climax!


Glóssário
  • Booking: É a construção criativa da luta livre, desde as falas nas promoções, marcar os combates, construir criativamente as histórias, pensar os momentos de destaque no ringue e tudo mais. 
  • Gimmick: É a identidade de um personagem na luta livre, não o personagem em si, tem ligação com o modo que se porta ou mesmo caracterização.
  • Promos: Vem de promotion, ou seja, promoção, normalmente é quando um/uma lutador/lutadora fala para o público com o intuito de se promover ou promover uma rivalidade.
  • Botch: É quando tem um erro em algum movimento, podendo ser de execução, selling ou mesmo causando um final que não era o planejado. É nos botchs que a maioria das contusões acontecem.
  • Selling: É o ato de vender um movimento para fazer ele parecer um golpe real, vai do modo como o lutador cai e reage após o golpe. Pode-se fazer o selling exageradamente (over-selling) ou não fazer o selling (no-sell) dependendo das circunstâncias.
  • Push: É quando um/uma wrestler ganha popularidade, ou uma sequência de vitórias, que faz com que ele/ela alcance patamares mais altos na história.
  • Tag-team: Tipo de combate que é realizado sempre em equipes de dois ou mais lutadores.
  • Battle Royal: Tipo de combate em que os lutadores vão sendo eliminados de acordo com as regras predefinidas até que tenha um vencedor. É realizado sempre em grupo e todos se enfrentam ao mesmo tempo. 
  • Kayfabe: É o termo usado para definir o universo construído dentro de uma companhia de luta livre e a forma como ele funciona para fazer parecer que tudo é legitimo. 
  • False Fall: Momento durante um combate em que se passa a impressão de que vai terminar, mas tem uma reviravolta e a luta continua. 
  • Count Break: É quando o árbitro está fazendo a contagem de pin, mas um dos integrantes da tag-team salva o time, normalmente empurrando ou golpeando o adversário, fazendo a contagem parar. 
  • Spot: movimento planejado para atrair mais atenção e visibilidade durante o combate.
  • Pin Fall: É a finalização do combate por pin, um método de terminar um combate na luta olímpica (wrestling) em que um dos/das lutadores/lutadoras fique de costas para a lona com os ombros colados.
  • Face: Vem de babyface, pode-se dizer que são os personagens "mocinhos".
  • Heel: Vem de heel turn, pode-se dizer que são os personagens "vilões".
  • Bookers: Os responsáveis por fazer o booking.